quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Amor Platônico


      Certa vez você já ouviu falar sobre o amor platônico, tal conceito tornou-se popular, muitos conhecem o amor platônico e nem sabem que existiu um filósofo chamado Platão, ou acham que platônico é somente um adjetivo qualquer. No entanto, essa noção de amor platônico que temos nos dias de hoje é um tanto quanto errônea, pois trás consigo não um conceito filosófico, mas sim uma visão popular sobre esse tal amor, que é a do amor impossível ou imaginário. Por exemplo: Imagine a seguinte situação, em que um jovem é apaixonado cegamente por uma moça, ele manda flores, manda mensagens e de certa forma tenta demonstrar isso não somente a ela, mas para  todos, para que vejam que ele é apaixonado por ela, porém a mesma não está nem aí para ele, a única coisa que de fato ela gosta é dos presentes e da fama recebida. Nota-se nessa pequena história um "amor ideal", ou seja, um amor ilusório que não está presente na prática. 

      No entanto, quando Platão busca a explicação das coisas sensíveis, isto é aquilo que é aderido pelos sentidos (Visão, olfato, tato, audição e etc...), ele cria uma ideia de mundo aonde tudo é perfeito, imutável e essencial. O Hiperurânio, ou mundo das idéias, ou eidos (formas). A relação existente entre a teoria platônica e o mundo sensível está presente nessa seguinte interpretação: No mundo material existem diversos tipos de objetos, como por exemplo  mesas. Algumas são pequenas, outras altas, outras largas e outras curtas. Mas o que nos dá essa noção de mesa?  Platão irá dizer que essas mesas, possuem uma  essência, uma unidade e de fato uma ideia de mesa que se encontra no mundo das ideias. Mas no entanto, essa unidade de mesa é única, real e imutável, pois sempre teremos essa ideia fixada. Todavia, no mundo sensível, esses paradigmas são mutáveis e imperfeitos, uma vez que a mesa material está sujeita a ser destruída, seja pelo tempo ou por atitude de alguém, enfim essa mesa pode sofrer mudanças. Esse conceito platônico se aplica a tudo que se encontra no mundo sensível, como por exemplo o amor. Segundo Platão o amor verdadeiro, único e imutável se encontra nas ideias, pois lá está a essência do amor. Mas na realidade esse amor não é verdadeiro, pois se fosse verdadeiro não veríamos tantos divórcios, separações e demagogias. Mas como conseguimos atingir esse amor platônico? Através da reminiscencia, aonde buscamos relembrar o que já foi visto no hiperurânio e lá devemos encontrar e compreender a essência do amor. Mas como mantemos esse amor platônico? Segundo Platão isso seria impossível, uma vez que esse amor não duraria para sempre (eterno), ele estaria sujeito a mudanças seja por nossa vontade ou não, notamos isso na frase tradicional de casamento: "Até que a morte os separe", no entanto a morte separaria e de fato acabaria com este amor. 

      Então, para concluirmos essa análise sobre o amor platônico, lanço a ultima pergunta: Como poderíamos aproximarmos dessa ideia de amor? Bom, seria necessário buscar o amor no seu conceito próprio, no que diz respeito as ideias, como por exemplo amar a pessoa pelo seu caráter, sua personalidade, sua honestidade, em outras palavras, pela suas virtudes. Não amar pelas coisas materiais, como riquezas ou aparência física, pois essas mesmas são mutáveis, estão sujeitas a mudanças, a beleza física pode sofrer um acidente e ficar feia, logo se o seu amor está somente nela, o mesmo acabará. As riquezas podem sumir, da mesma forma o seu amor. Mas e se ele estiver vinculado aos conceitos de virtude, ou pela capacidade das pessoas? Ele poderá durar por muito tempo ou pela vida toda. Nota-se uma relação com o ideal de Platão, uma vez que o amor pode se corromper estando vinculado ao material, ou pode perdurar pela nossa vida, estando vinculado as ideias de amor. Conclui-se então, que o amor ideal é aquele amor em essência, ou seja atingido somente pelo imaginário e não pelos sentidos.

     

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Do mito à filosofia.


    Você já deve ter se perguntado: O que é a filosofia? No que se consiste a filosofia? Qual a utilidade da filosofia para a vida? Bom, para respondermos isso é necessário analisar a etimologia da palavra filosofia, que significa nada mais que amor pelo conhecimento ou pela sabedoria (filo: amor ou  amizade e sofia: conhecimento ou sabedoria), tal conceito foi criado por um matemático chamado Pitágoras de Samos que viveu entre 571 a.C - 496 a.C. Mas por que Pitágoras deu esse significado de "amigo do saber" para o filósofo? Não poderia ser o mesmo o saber propriamente dito ou em outras palavras: O Sábio em si? A questão que Pitágoras propões  foi a seguinte: Somente os deuses são sábios e só a eles cabem todo o conhecimento, então nós Seres Humanos podemos ser no máximo amigo do conhecimento. 

   A filosofia surge em oposição ao mito, com o intuito de romper com este pensamento tradicional, supersticioso e não científico. O Mito é a explicação da origem das coisas, ele busca a genealogia. Por exemplo o mito que explicava a origem da via láctea, que nada mais era que uma via ou caminho de leite espalhado pelos seios da deusa Hera, nota-se nessa explicação a falta de base concreta e cientifica, uma vez que tal pensamento baseia-se na crendice e no sobrenatural, o mito muito além disso ele servia para definir padrões de conduta e moral dos indivíduos que faziam parte das cidades gregas, uma vez que os mesmos tinham sua educação baseada nas histórias narradas, contadas e até mesmo cantadas por poetas como Homero que narrava poemas como Ulisses e Odisseia. Não cabe a nós aprofundarmos aqui nas histórias dos mitos, tais exemplos são somente formas didáticas de explicar a forma que eles se apresentavam na prática. Portanto, a filosofia surge da antítese, ou seja, da forma contrária a uma tese proposta, bom se o pensamento mítico diz que determinada linha de pensamento vai do ponto a até o ponto b, a filosofia dirá que é o contrário, isto é do ponto b para o a. Em suma podemos dizer que a filosofia nasce do rompimento com o mito e não da superação do mesmo, pois o mito ainda continua existindo e até inclusive nos dias atuais, aonde uma série de pessoas acreditam no mito. Muitas pessoas confundem mito com a mentira, de fato isso é falso, pois o mito baseia-se no meio termo, isto é: Nem mentira e nem verdade, pense a seguinte coisa: As mentiras são algo fictício e que de fato não existiu, logo comprova-se a não existência disso. As verdades são fatos e que existiram, pois são comprovados e possuem uma certa convicção. O mito  não é mentira e nem verdade, na medida em que o mesmo não foi comprovado, em outros palavras, o mito é o meio termo entre mentira e verdade, estando sujeito a um deslize para algum dos lados. 

   Os primeiros filósofos, os chamados naturalistas, milesianos, pluralistas e atomistas, buscavam compreender a cosmologia, ou seja, a ordem das coisas. Diferentemente do mito, eles profanizam esse conhecimento, é a chamada dessacralização do saber, uma vez lhe foi retirado qualquer juízo de valor e crendice supersticiosa. Entre tais filósofos encontramos Tales de Mileto, Anaxímenes, Anaximandro, Demócrito e outros mais, a esta filosofia se da o nome de Pré-Socrática, pois tem sua gênese antes de Sócrates (marco da história da filosofia), que trás posteriormente os filósofos Socráticos. 

     Mas o que é de fato a filosofia? Um filósofo contemporâneo chamado Felix  Guatarri disse a seguinte frase: Filosofia não é reflexão, nem contemplação, nem comunicação ela é a criação de conceitos. Não é reflexão, pois refletimos somente sobre o  que nos é conhecido e isto fica apenas em nosso imaginário, não é contemplação, pois contemplamos algo já conhecido e isso permanece igualmente a reflexão em nosso intelecto, não é comunicação, pois a mesma também ocorre em forma de mitos ou crendices baseadas no senso comum. Portanto, ela é a junção das anteriores e com isso temos a criação de conceito, que por sua vez podem ser discutidos e até mesmo confrontados. É notório isso na história da filosofia, temos conceitos de ideia em Platão, temos conceitos de ética em Aristóteles e tais conceitos marcam a história agitada da filosofia e isso é de fato filosofia, pois a mesma depende dum confronto de ideias.

     A alegoria da caverna ou mito da caverna criado por Platão retrata de forma sistematizada o cenário de Atenas na época, sendo os cidadãos atenienses os mesmos Homens presos na caverna e que de certa forma acreditam cegamente em seu mundo imaginário e de sombras, os mesmos se quer não duvidam disso, tudo para eles é perfeito. Mas na verdade não passam de pequenas sombras projetadas na parede. O libertar-se da caverna seria encontrar a filosofia, ou seja, encontrar a luz! Uma vez que a mesma romperia com qualquer sombra e buscaria mostrar o real, a verdadeira imagem ou o que estava por trás de determinada coisa.
     Este é um breve resumo da história da filosofia, que compreende o mito e o surgimento da filosofia. No próximo post irei trabalhar um pouco mais essa questão da filosofia tanto na época, quanto na atualidade e entrar na filosofia Socrática, como já havia dito: no marco da história da filosofia.